(Prova Brasil)
O
QUE DIZEM AS CAMISETAS
(Fragmento)
Apareceram
tantas camisetas com inscrições, que a gente estranha ao deparar com uma que
não tem nada escrito.
– Que é que ele está
anunciando? – indagou o cabo eleitoral, apreensivo. – Será que faz propaganda
do voto em branco? Devia ser proibido!
– O cidadão é livre
de usar a camiseta que quiser – ponderou um senhor moderado.
– Em tempo de
eleição, nunca – retrucou o outro. – Ou o cidadão manifesta sua preferência
política ou é um sabotador do processo de abertura democrática.
– O voto é secreto.
– É secreto, mas a
camiseta não é, muito pelo contrário. Ainda há gente neste país que não assume
a sua responsabilidade cívica, se esconde feito avestruz e...
– Ah, pelo que vejo o
amigo não aprova as pessoas que gostam de usar uma camiseta limpinha, sem
inscrição, na cor natural em que saiu da fábrica.
(...).
DRUMMOND, Carlos. Moça deitada na grama. Rio
de Janeiro: Record, 1987, p. 38-40.
1- O conflito em torno do qual se
desenvolveu a narrativa foi o fato de:
a) alguém aparecer
com uma camiseta sem nenhuma inscrição.
b) muitas pessoas não
assumirem sua responsabilidade cívica.
c) um senhor comentar
que o cidadão goza de total liberdade.
d) alguém comentar que a camiseta, ao
contrário do voto, não é secreta.
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(Prova
Brasil) A BELEZA TOTAL
A beleza de Gertrudes
fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu
rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não
ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o
espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços.
A moça já não podia
sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes, por
sua vez, perdiam toda capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que
durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa.
O Senado aprovou lei de emergência, proibindo
Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que só
penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre
o peito.
Gertrudes não podia
fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E
era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições
de vida, e um dia cerrou os olhos para sempre. Sua beleza saiu do corpo e ficou
pairando, imortal. O corpo já então enfezado de Gertrudes foi recolhido ao
jazigo, e a beleza de Gertrudes continuou cintilando no salão fechado a sete
chaves.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos
plausíveis. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985.
2-
O conflito central do enredo é desencadeado
a)
pela extrema beleza da personagem.
b)
pelos espelhos que se espatifavam.
c)
pelos motoristas que paravam o trânsito.
d) pelo suicídio do
mordomo.
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E.C.T.
Tava
com um cara que carimba postais
Que
por descuido abriu uma carta que voltou
Levou um susto que lhe abriu a boca
Esse
recado veio pra mim, não pro senhor.
Recebo
crack, colante, dinheiro parco embrulhado
Em
papel carbono e barbante, até cabelo cortado
Retrato de 3 x 4 pra batizado
distante
Mas
isso aqui meu senhor, é uma carta de amor
Levo
o mundo e não vou lá
Mas
esse cara tem a língua solta
A
minha carta ele musicou
Tava
em casa, a vitamina pronta
Ouvi
no rádio a minha carta de amor
Dizendo
“eu caso contente, papel passado, presente
Desembrulhado, vestido, eu volto
logo me espera
Não
brigue nunca comigo, eu quero ver nossos filhos
O
professor me ensinou a fazer uma carta de amor”
Leve
o mundo que eu vou já
3-
O verso “Tava com um cara que carimba postais” é um exemplo de linguagem
a)
coloquial.
b)
formal.
c)
jornalística.
d) literária.
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A OUTRA NOITE
Outro
dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva,
tanto lá como aqui. Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe
até Copacabana; e contei a ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar
lindo, de lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade eram, vistas de
cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas. Uma paisagem irreal.
Depois
que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou um sinal fechado para
voltar-se para mim:
—
O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas tem mesmo luar
lá em cima?
Confirmei:
sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e torpe havia uma outra − pura,
perfeita e linda.
—
Mas, que coisa...
Ele
chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva.
Depois
continuou guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava
em outra coisa.
—
Ora, sim senhor...
E,
quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um “boa noite” e um “muito obrigado
ao senhor” tão sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente
de rei.
BRAGA,
Rubem. Ai de ti, Copacabana. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960.
4-
O fato que desencadeou a história foi
a)
a viagem a São Paulo.
b)
o mau tempo em São Paulo.
c)
o agradecimento do taxista.
d) a conversa ouvida
pelo taxista.
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TATUAGEM
Enfermeira
inglesa de 78 anos manda tatuar mensagem no peito pedindo para não proceder a
manobras de ressuscitação em caso de parada cardíaca.
(Mundo
Online, 4, fev., 2003)
Ela
não era enfermeira (era secretária), não era inglesa (era brasileira) e não
tinha 78 anos, mas sim 42; bela mulher, muito conservada. Mesmo assim, decidiu
fazer a mesma coisa. Foi procurar um tatuador, com o recorte da notícia. O
homem não comentou: perguntou apenas o que era para ser tatuado.
–
É bom você anotar – disse ela – porque não será uma mensagem tão curta como
essa da inglesa.
Ele
apanhou um caderno e um lápis e dispôs-se a anotar.
–
“Em caso de que eu tenha uma parada cardíaca” – ditou ela –, “favor não proceder
à ressuscitação”. Uma pausa, e ela continuou:
–
“E não procedam à ressuscitação, porque não vale a pena. A vida é cruel, o mundo
está cheio de ingratos.”
Ele
continuou escrevendo, sem dizer nada. Era pago para tatuar, e quanto mais tatuasse,
mais ganharia.
Ela
continuou falando.(...). Àquela altura o tatuador, homem vivido, já tinha adivinhado
como terminaria a história (...). E antes que ela contasse a sua tragédia resolveu
interrompê-la.
–
Desculpe, disse, mas para eu tatuar tudo o que a senhora me contou, eu precisaria
de mais três ou quatro mulheres.
Ela
começou a chorar. Ele consolou-a como pôde. Depois, convidou-a para tomar alguma
coisa num bar ali perto.
Estão
vivendo juntos há algum tempo. E se dão bem. (...). Ele fez uma tatuagem especialmente
para ela, no seu próprio peito. Nada de muito artístico (...). Mas cada vez que
ela vê essa tatuagem, ela se sente reconfortada. Como se tivesse sido ressuscitada,
e como se tivesse vivendo uma nova, e muito melhor, existência.
(Moacyr Scliar, Folha
de S. Paulo, 10/03/2003.)
5-
O fato gerador do conflito que constrói a crônica é a secretária
a)
ser mais jovem que a enfermeira da notícia.
b)
concluir que a vida não vale a pena.
c)
achar romântica a história da enfermeira
d) ter se envolvido
com o tatuador.
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CONVERSA FIADA
Era
uma vez um homem muito velho que, por não ter muito o que fazer, ficava pescando
num lago.
Era
uma vez um menino muito novo que também não tinha muito o que fazer e ficava
pescando no mesmo lago.
Um
dia, os dois se encontraram, lado a lado, na pescaria, e no mesmo momento,
exatamente no mesmo instante, sentiram aquela puxadinha que indica que o peixe
mordeu a isca. [...] Quando apareceram os respectivos peixes, porém, decepção:
o peixe do menino era muito
velho e o peixe do velho era muito novo!
O
velho disse para o menino:
–
Você não pode pescar esse peixe tão velho! Deixe que ele viva o pouco da vida
que lhe resta.
O
menino respondeu:
–
E o que você vai fazer com este peixe tão novo? Ele é tão pequeno... deixe que
ele viva mais um pouco!
O
velho e o menino olharam um para o outro e, sem perder tempo, jogaram os peixes
no lago.
Ficaram
amigos e agora, quando não têm muito o que fazer, vão até o lago, cumprimentam
os peixes e matam o tempo jogando conversa fora.
FRATE,
Diléa. Histórias para Acordar. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1996
6-
O fato responsável pelo desenrolar da história é
a) o encontro e a pescaria do menino
com o velho no lago.
b) o peixe do velho ser muito velho.
c) o peixe do menino ser novo e
pequeno.
d) o
retorno dos peixes ao lago.
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VISITA
Sobre a minha mesa, na redação do jornal, encontrei-o, numa tarde
quente de verão. É um inseto que parece um aeroplano de quatro asas
translúcidas e gosta de sobrevoar os açudes, os córregos e as poças de água. É
um bicho do mato e não da cidade. Mas que fazia ali, sobre a minha mesa, em
pleno coração da metrópole?
Parecia morto, mas notei que movia nervosamente as estranhas e
minúsculas mandíbulas. Estava morrendo de sede, talvez pudesse salvá-lo.
Peguei-o pelas asas e levei-o até o ba-nheiro. Depois de acomodá-lo a um canto
da pia, molhei a mão e deixei que a água pingasse sobre a sua cabeça e suas
asas. Permaneceu imóvel. É, não tem mais jeito — pensei comigo. Mas eis que ele
se estremece todo e move a boca molhada. A água tinha escorrido toda, era
preciso arranjar um meio de mantê-la ao seu alcance sem contudo afogá-lo. A
outra pia talvez desse mais jeito. Transferi-o para lá, acomodei-o e voltei
para a redação.
Mas a memória tomara outro rumo. Lá na minha terra, nosso grupo de
meninos chamava esse bicho de macaquinho voador e era diversão nossa caçá-los,
amarrá-los com uma linha e deixá-los voar acima de nossa cabeça. Lembrava
também do açude, na fazenda, onde eles apareciam em formação de esquadrilha e
pousavam na água escura. Mas que diabo fazia na avenida Rio Branco esse
macaquinho voador? Teria ele voado do Coroatá até aqui, só para me encontrar?
Seria ele uma estranha mensagem da natureza a este desertor?
Voltei ao banheiro e em tempo de evitar que o servente o matasse.
“Não faça isso com o coitado!” “Coitado nada, esse bicho deve causar doença.”
Tomei-o da mão do homem e o pus de novo na pia. O homem ficou espantado e saiu,
sem saber que laços de afeição e história me ligavam àquele estranho ser.
Ajeitei-o, dei-lhe água e voltei ao trabalho. Mas o tempo urgia, textos,
notícias, telefonemas, fui para casa sem me lembrar mais dele.
GULLAR, Ferreira. O menino e o arco-íris e
outras crônicas. Para gostar de ler, 31. São Paulo: Ática, 2001. p. 88-89
8- Com base na leitura do texto, pode-se concluir que a questão
central é
a) a presença inesperada
de um inseto do mato na cidade.
b) a saudade dos amigos de
infância
c) a vida agitada da
grande cidade.
d) a preocupação com a
proteção aos animais.
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(SPAECE) SINCERIDADE DE CRIANÇA
Era
uma época de “vacas magras”. Morava só com meu filho, pagando aluguel, ganhava pouco
e fui convidada para a festa de aniversário de uma grande amiga. O problema é
que não tinha dinheiro messmoooooo.
Fui
a uma relojoaria à procura de uma pequena joia, ou bijuteria mesmo, algo assim,
e pedi à balconista:
–
Queria ver alguma coisa bonita e barata para uma grande amiga!
Ela
me mostrou algumas peças realmente caras, que na época eu não podia pagar.
Então
eu pedi:
–
Posso ver o que você tem, assim... alguma coisa mais baratinha?
E
a moça me trouxe um pingente folheado a ouro... bonito e barato. Eu gostei e
levei.
Quando
chegamos ao aniversário, (eu e meu filho) fomos cumprimentar minha amiga, que,
ao abrir o presente, disse:
–
Nossa, muito obrigada!!!!! Que coisa linda!!!!!
E
meu filho, na sua inocência de criança bem pequena, sem saber bem o que
significava a expressão “baratinha” completou:
–
E era a mais baratinha que tinha!!!.
Disponível
em: <http://recantodasletras.uol.com.br/infantil/610758>. Acesso em: 22
mar. 2010.
9-
O enredo desse texto se desenvolve a partir
a)
da chegada ao aniversário.
b)
da inocência da criança.
c)
do convite para o aniversário.
d) do presente comprado.
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(SARES P2010)
AS ESTRELAS
Numa das noites daquele mês de abril estava Dona Benta na sua
cadeira de balanço, lá na varanda, com olhos no céu cheio de estrelas. A
criançada também se reunira ali.
Súbito, Narizinho, que estava em outro degrau da escada fazendo
tricô, deu um berro.
-Vovó, Emília está botando a língua para mim!
Mas Dona Benta não ouviu. Não tirava os olhos das estrelas.
Estranhando aquilo, os meninos foram se aproximando. E ficaram também a olhar
para o céu, em procura do que estava prendendo a atenção da boa velha.
- Que é vovó, que a senhora está vendo lá em cima? Eu não estou
enxergando nada. - disse Pedrinho. Dona Benta não pôde deixar de rir-se. Pôs
nele os óculos e puxou-o para o seu colo e falou:
- Não está vendo nada, meu filho? Então olha para o céu estrelado
e não vê nada?
- Só vejo estrelinhas. - murmurou o menino.
- E acha pouco, meu filho?
LOBATO, Monteiro. As estrelas. In: ______ . Viagem ao céu. 19.
ed. São Paulo: Brasiliense, 1971. Fragmento.
10-
A história contada se passa
a) na varanda da casa de Dona Benta.
b) na imaginação de Emília.
c) na cozinha de Tia Anastácia.
d) no céu inventado de Pedrinho.
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(SADEAM) O LOBO
DESATENTO
Certa noite, um lobo andava pela floresta em busca de comida. E já
estava empenhado nessa tarefa havia um bom tempo, sem qualquer resultado
prático, quando sentiu no aro cheiro de carneiros. “Até que enfiml”, foi o
pensamento que lhe veio à cabeça de imediato, e então, imaginando o que de bom
poderia encontrar mais adiante para aplacar a fome que sentia, ele caminhou
rapidamente na direção que o seu faro indicava.
Logo ã frente, as árvores davam lugar a uma grande área coberta de
relva, e era nesse pedaço de chão que os carneiros descansavam protegidos por
um cão. O lobo não se preocupou com isso. O que fez foi sair andando passo a
passo, o mais devagar que podia, procurando se aproximar do ponto que ficava
mais distante do vigia, onde algumas das possíveis presas dormiam sossegadas.
E já estava quase lá, quando uma de suas patas traseiras
descuidou-se um momento e pisou em um pedaço de tábua já meio apodrecido. Esta
rangeu sob o peso do animal, e o barulho que fez soou tão alto em meio ao
silêncio da noite que acordou o cão de guarda, fazendo-o sair na mesma hora em
perseguição ao lobo desastrado. Que por sua vez, coitado, não teve outra coisa
a fazer senão fugir em desabalada carreira, esfomeado e sem alimento.
Moral da história: Quem não presta atenção no que faz, algum dia
vai acabar se metendo em apuros.
Disponível em:
<http://WWW.fernandodannemann.recantodasletras.com.br>.
Acesso em: 5 abr. 2010.
11- Nesse texto, o que deu origem aos fatos narrados foi o
a) cão perseguir o lobo quando ele pisou na tábua.
b) cão vigiar os carneiros que dormiam sossegados.
c) lobo andar desatento à noite pela floresta.
d) lobo sentir cheiro de carneiros na floresta.
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(Projeto con(seguir)-DC)
O CABOCLO, O PADRE E O ESTUDANTE
Um estudante e um padre viajavam pelo interior, tendo
como guia um caboclo. Deram a eles, numa casa, um pequeno queijo de cabra. Não
sabendo como dividir, pois que o queijo era pequeno mesmo, o padre resolveu que
todos dormissem e o queijo seria daquele que tivesse, durante a noite, o sonho
mais bonito (pensando, claro, em engambelar os outros dois com seu oratório).
Todos aceitaram e foram dormir. À noite, o caboclo acordou, foi ao queijo e
comeu-o.
Pela manhã, os três sentaram à mesa para tomar café e
cada qual teve que contra seu sonho. O padre disse que sonhou com a escada de
Jacó e a descreveu lindamente. Porém lá, ele subia triunfalmente para o céu. O
estudante então contou que sonhara já estar no céu esperando o padre que subia.
O caboclo riu e contou:
— Sonhei que via seu padre subindo a escada e seu
doutor lá no céu, rodeado de amigos. Eu fiquei na terra e gritei:
— Seu doutor, seu padre, o queijo! Vosmicês esqueceram
o queijo! Então vosmicês responderam de longe, do céu:
— Come o queijo, caboclo! Come o queijo, caboclo! Nós
estamos no céu, não queremos queijo.
— O sonho foi tão forte que eu pensei que era verdade,
levantei enquanto vocês dormiam e comi o queijo…
http://victorian.fortunecity.com/postmodern/135/caboclo.htm
12- O texto que você acabou de ler é uma narrativa. A opção que
apresenta o fato responsável por gerar a complicação da história.
a) “(…) o padre resolveu que todos
dormissem (…)”
b) “Todos aceitaram e foram dormir.”
c) “(…) O caboclo acordou, foi ao
queijo e comeu-o.”
d)
“(…) levantei enquanto vocês dormiam e comi o queijo…”
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(SADEAM)
O REFORMADOR DO MUNDO
Américo
Pisca-Pisca tinha o hábito de pôr defeito em todas as coisas. O mundo para ele estava
errado e a natureza só fazia asneiras.
–
Asneiras, Américo?
–
Pois então?!... Aqui mesmo, neste pomar, você tem a prova disso. Ali está uma
jabuticabeira enorme sustendo frutas pequeninas, e lá adiante vejo colossal
abóbora presa ao caule duma planta rasteira. Não era lógico que fosse
justamente o contrário? Se as coisas tivessem de ser reorganizadas por mim, eu
trocaria as bolas, passando as jabuticabas para a aboboreira e as abóboras para
a jabuticabeira. Não tenho razão?
LOBATO,
Monteiro. O reformador do mundo. In: Obra Infantil Completa. São Paulo:
Brasiliense, s.d.
13-
Quando falou sobre a reforma da natureza, Américo estava
a)
num pomar.
b)
num rio.
C)
numa floresta.
D)
numa praça.
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(AvaliaBH)
50 ANOS DE CORTESIA
Um
casal tomava café no dia das suas bodas de ouro. A mulher passou a manteiga na
casca do pão e deu para o seu marido, ficando com o miolo.
Ela
pensava: “Sempre quis comer o que mais gosto do pão, que é o miolo, mas como
amo demais o meu marido e ele gosta dele, durante estes 50 anos, sempre lhe dei
o miolo. Mas hoje quero satisfazer o meu desejo”.
Quando
o marido recebeu a casca do pão com manteiga, o rosto dele se abriu num enorme sorriso,
e lhe disse:
-
Muito obrigado por este presente, meu amor. Durante 50 anos, sempre quis comer
a casca do pão, mas como você gostava tanto dela, eu jamais ousei pedir!
http://pessoal.educacional.com.br/up/4380001/881679/t1322.asp>.
Acesso em: 10 ago. 2011.
14-
Qual foi o fato que fez com que essa história acontecesse?
a)
a mulher querer comer o miolo do pão.
b)
a mulher dar ao marido a casca do pão.
c)
o marido agradecer o presente.
d)
o marido adorar casca de pão.
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(SAERS)
O PRÍNCIPE SAPO
Uma feiticeira muito má transformou um belo
príncipe num sapo, só o beijo de uma princesa desmancharia o feitiço.
Um
dia, uma linda princesa chegou perto da lagoa em que o príncipe morava. Cheio de esperança de ficar livre do feitiço, ele lhe pediu um beijo. Como
ela era muito boa, venceu o nojo e, sem saber de nada, atendeu ao pedido do
sapo: deu-lhe um beijo.
Imediatamente
o sapo voltou a ser príncipe, casou-se com a princesa e foram felizes para
sempre.
SEIESZKA,
Jon. O patinho realmente feio e outras histórias malucas. São Paulo:
Companhia das letrinhas, 1997, [s. p].
15-
O que deu origem aos fatos narrados nesse texto?
a) O beijo da princesa.
b)
O feitiço da feiticeira.
c) O nojo da princesa.
d)
O pedido do sapo.
(SAERJ)
IRMÃO DE ENXURRADA
Fico lembrando dele esperneando no berço. Ele
era uma coisica ainda mais estranha do que é hoje. Não, muito mais estranha:
hoje ele é gente, fala, acha coisas sobre mim, sobre os outros irmãos, sobre a
dona da padaria. Antes ele era... um...um montinho que se mexia também estranhamente.
Eu ficava horas olhando para ele.
[...] Teve um tempo em que ele engatinhava.
Rodava pela casa toda, gugu pra cá, dadá pra lá, passando debaixo dos móveis,
debaixo das pernas da gente – um saco!
[...] E um dia que ele engoliu a cabeça de um
bonequinho do “Forte Apache”? Ou foi o rabinho de um cavalo? Não lembro
exatamente o que foi que ele engoliu, mas lembro do problemão que foi. [...]
Minha mãe veio correndo, porque eu gritei do meu quarto...
CISALPINO, Murilo. In: Ricardo Ramos. Irmão mais velho,
irmão mais novo. São Paulo: Atual,1992. p. 64-71.
16- Nesse texto, o narrador é
a) a dona da padaria.
b) a mãe do bebê.
c) o irmão mais velho.
d) o pequeno bebê.
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(SAERJ)
TORMENTO NÃO TEM IDADE
─ Meu filho, aquele seu amigo, o Jorge,
telefonou.
─ O que é que ele queria?
─ Convidou você para dormir na casa dele,
amanhã.
─ E o que é que você disse?
─ Disse que não sabia, mas achava que você
iria aceitar o convite.
─ Fez mal, mamãe. Você sabe que odeio dormir
fora de casa.
─ Mas meu filho, o Jorge gosta tanto de você...
─ Eu sei que ele gosta de mim. Mas eu não sou
obrigado a dormir na casa dele por causa disso, sou?
─ Claro que não. Mas...
─ Mas o que, mamãe?
─ Bem, quem decide é você. Mas, que seria bom
você dormir lá, seria.
─ Ah, é? E por quê?
─ Bem, em primeiro lugar, o Jorge tem um
quarto novo de hóspedes e queria estrear com você. Ele disse que é um quarto
muito lindo. Tem até a TV a cabo.
─ Eu não gosto de tevê.
[...]
─ Eu faço a maleta para você, meu filho. Eu
arrumo suas coisas direitinho. Você vai ver.
─ Não, mamãe. Não insista, por favor. Você
está me atormentando com isso. Bem, deixe eu lhe lembrar uma coisa, para
terminar com essa discussão: amanhã eu não vou a lugar nenhum. Sabe por que,
mamãe? Amanhã é meu aniversário. Você esqueceu?
─ Esqueci mesmo. Desculpe, filho.
─ Pois é. Amanhã estou fazendo 50 anos. E acho
que quem faz 50 anos tem o direito de passar a noite com sua mãe, não é
verdade?
SCLIAR, Moacyr. Folha de São Paulo, 3 set.
2001, p. C2.
17- O trecho dessa narrativa que explica o que
resolveu o problema é
a) “─ Ah, é? E por quê?”.
b) “─ Eu não gosto de tevê.”.
c) “─ Amanhã é meu aniversário.”.
d) “─ Esqueci mesmo. Desculpe, filho.”.
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(PROEB)
OS VIAJANTES E A BOLSA DE MOEDAS
Dois homens viajavam juntos ao longo de uma
estrada, quando um deles encontrou uma bolsa cheia de alguma coisa. E ele
disse: “Veja que sorte a minha, encontrei uma bolsa, e a julgar pelo peso, deve
estar cheia de moedas de ouro.”
E lhe diz o companheiro: “Não diga encontrei
uma bolsa; mas, nós encontramos uma bolsa, e quanta sorte temos. Amigos de
viagem devem compartilhar as tristezas e alegrias da estrada.”
O “sortudo”, claro, se nega a dividir o
achado. Então escutam gritos de: “Pega ladrão!”, vindo de um grupo de homens
armados com porretes, que se dirigem, estrada abaixo, na direção deles. O
viajante “sortudo”, logo entra em pânico, e diz. “Estamos perdidos se encontrarem
essa bolsa conosco.”
Replica o outro: “Você não disse ‘nós’ antes.
Assim, agora fique com o que é seu e diga, ‘Eu estou perdido’.”
Moral da História:
Não devemos exigir que alguém compartilhe
conosco as desventuras, quando não lhes compartilhamos também as nossas
alegrias.
Esopo. Disponível em:
<http://sitededicas.uol.com.br> Acesso em: 02 fev. 2010.
18- O fato que deu origem a essa história foi
a) o amigo ter abandonado o outro companheiro.
b) o viajante ser perseguido por homens
armados.
c) os amigos ficarem perdidos em uma estrada.
d) os
viajantes encontrarem uma bolsa com moedas.
------------------------------------------------------------
(PAEBES)
O GAMBÁ
No silêncio circular da praça, a esquina
iluminada. O patrão aguardava a hora de apagar as luzes do café. O garçom
começou a descer as portas de aço e olhou o relógio: meia-noite e quarenta e
cinco. O moço da farmácia chegou para o último cafezinho. Até ser enxotados,
uns poucos fregueses de sempre insistiam em prolongar a noite. Mas o bate-papo
estava encerrado.
Foi quando o chofer de táxi sustou o gesto de
acender o cigarro e deu o alarme: um gambá! Correram todos para ver e, mais que
ver, para crer. Era a festa, a insólita festa que a noite já não prometia. Ali,
na praça, quase diante do edifício de dez andares, um gambá.
Vivinho da silva, com sua anacrônica e
desarmada arquitetura.
No meio da rua – como é que veio parar ali? Um
frêmito de batalha animou os presentes.
Todos, pressurosos, foram espiar o
recém-chegado. Só o Corcundinha permaneceu imóvel diante da mesa de mármore. O
corpo enterrado na cadeira, as grossas botinas mal dispensavam as muletas. O
intruso não lhe dizia respeito. Podia sorver devagarinho o seu conhaque.
Encolhido de medo e susto, o gambá não queria
desafiar ninguém. Mas seus súbitos inimigos a distância mantinham uma divertida
atitude de caça. Ninguém sabia por onde começar a bem-vinda peleja. Era preciso
não desperdiçar a dádiva que tinha vindo alvoroçar
a noite de cada um dos circunstantes.
REZENDE, Oto Lara. O gambá. In: O elo perdido &
outras histórias. 5 ed. São Paulo: Ática, 1998. p.12.
Fragmento. *Adaptado: Reforma Ortográfica.
19- Nesse texto, qual é o fato que motiva a
narrativa?
a) O fechamento do café.
b) A aparição do gambá.
c) A perseguição ao recém-chegado.
d) O descaso do Corcundinha.
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(PAEBES)
INFÂNCIA
Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba
mais.
No meio-dia branco de luz uma voz
que aprendeu a ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu chamava para o
café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.
Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
– Psiu... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um
mosquito.
E dava um suspiro... que fundo!
Lá longe, meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.
E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson
Crusoé.
ANdRAdE, Carlos drummond de.
disponível em: <http://www.memoriaviva.com.br/drummond/poema002.htm>
Acesso em: 19 jul. 2008.
20- Nesse poema, a terceira estrofe evidencia
o
a) espaço da narrativa.
b) narrador em 1ª pessoa.
c) narrador em 3ª pessoa.
d) tempo da narrativa.
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