sexta-feira, 22 de março de 2019

SIMULADO 2


(Prova Brasil)
O QUE DIZEM AS CAMISETAS
(Fragmento)

Apareceram tantas camisetas com inscrições, que a gente estranha ao deparar com uma que não tem nada escrito.
– Que é que ele está anunciando? – indagou o cabo eleitoral, apreensivo. – Será que faz propaganda do voto em branco? Devia ser proibido!
– O cidadão é livre de usar a camiseta que quiser – ponderou um senhor moderado.
– Em tempo de eleição, nunca – retrucou o outro. – Ou o cidadão manifesta sua preferência política ou é um sabotador do processo de abertura democrática.
– O voto é secreto.
– É secreto, mas a camiseta não é, muito pelo contrário. Ainda há gente neste país que não assume a sua responsabilidade cívica, se esconde feito avestruz e...
– Ah, pelo que vejo o amigo não aprova as pessoas que gostam de usar uma camiseta limpinha, sem inscrição, na cor natural em que saiu da fábrica.
(...).
DRUMMOND, Carlos. Moça deitada na grama. Rio de Janeiro: Record, 1987, p. 38-40.

1- O conflito em torno do qual se desenvolveu a narrativa foi o fato de:
a) alguém aparecer com uma camiseta sem nenhuma inscrição.
b) muitas pessoas não assumirem sua responsabilidade cívica.
c) um senhor comentar que o cidadão goza de total liberdade.
d) alguém comentar que a camiseta, ao contrário do voto, não é secreta.
------------------------------------------------------------


(Prova Brasil)          A BELEZA TOTAL

A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilha­ços.
A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condu­tores, e estes, por sua vez, perdiam toda capacidade de ação. Houve um engarrafa­mento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa.
O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suici­dara com uma foto de Gertrudes sobre o peito.
Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a ex­trema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um dia cerrou os olhos para sempre. Sua beleza saiu do corpo e ficou pairando, imortal. O corpo já então enfezado de Gertrudes foi recolhido ao jazigo, e a beleza de Gertrudes continuou cintilando no salão fechado a sete chaves.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985.

2- O conflito central do enredo é desencadeado
a) pela extrema beleza da personagem.
b) pelos espelhos que se espatifavam.
c) pelos motoristas que paravam o trânsito.
d) pelo suicídio do mordomo.
------------------------------------------------------------

E.C.T.

Tava com um cara que carimba postais
Que por descuido abriu uma carta que voltou 
Levou um susto que lhe abriu a boca
Esse recado veio pra mim, não pro senhor.

Recebo crack, colante, dinheiro parco embrulhado
Em papel carbono e barbante, até cabelo cortado 
Retrato de 3 x 4 pra batizado distante
Mas isso aqui meu senhor, é uma carta de amor

Levo o mundo e não vou lá

Mas esse cara tem a língua solta
A minha carta ele musicou
Tava em casa, a vitamina pronta
Ouvi no rádio a minha carta de amor

Dizendo “eu caso contente, papel passado, presente 
Desembrulhado, vestido, eu volto logo me espera
Não brigue nunca comigo, eu quero ver nossos filhos
O professor me ensinou a fazer uma carta de amor”

Leve o mundo que eu vou já
                                                 Nando Reis, Marisa Monte, Carlinhos Brown

3- O verso “Tava com um cara que carimba postais” é um exemplo de linguagem
a) coloquial.
b) formal.
c) jornalística.
d) literária.
------------------------------------------------------------
A OUTRA NOITE

Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e contei a ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas. Uma paisagem irreal.
Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou um sinal fechado para voltar-se para mim:
— O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas tem mesmo luar lá em cima?
Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e torpe havia uma outra − pura, perfeita e linda.
— Mas, que coisa...
Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva.
Depois continuou guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa.
— Ora, sim senhor...
E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um “boa noite” e um “muito obrigado ao senhor” tão sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei.

BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960.

4- O fato que desencadeou a história foi
a) a viagem a São Paulo.
b) o mau tempo em São Paulo.
c) o agradecimento do taxista.
d) a conversa ouvida pelo taxista.
------------------------------------------------------------
TATUAGEM

Enfermeira inglesa de 78 anos manda tatuar mensagem no peito pedindo para não proceder a manobras de ressuscitação em caso de parada cardíaca.
(Mundo Online, 4, fev., 2003)

Ela não era enfermeira (era secretária), não era inglesa (era brasileira) e não tinha 78 anos, mas sim 42; bela mulher, muito conservada. Mesmo assim, decidiu fazer a mesma coisa. Foi procurar um tatuador, com o recorte da notícia. O homem não comentou: perguntou apenas o que era para ser tatuado.
– É bom você anotar – disse ela – porque não será uma mensagem tão curta como essa da inglesa.
Ele apanhou um caderno e um lápis e dispôs-se a anotar.
– “Em caso de que eu tenha uma parada cardíaca” – ditou ela –, “favor não proceder à ressuscitação”. Uma pausa, e ela continuou:
– “E não procedam à ressuscitação, porque não vale a pena. A vida é cruel, o mundo está cheio de ingratos.”
Ele continuou escrevendo, sem dizer nada. Era pago para tatuar, e quanto mais tatuasse, mais ganharia.
Ela continuou falando.(...). Àquela altura o tatuador, homem vivido, já tinha adivinhado como terminaria a história (...). E antes que ela contasse a sua tragédia resolveu interrompê-la.
– Desculpe, disse, mas para eu tatuar tudo o que a senhora me contou, eu precisaria de mais três ou quatro mulheres.
Ela começou a chorar. Ele consolou-a como pôde. Depois, convidou-a para tomar alguma coisa num bar ali perto.
Estão vivendo juntos há algum tempo. E se dão bem. (...). Ele fez uma tatuagem especialmente para ela, no seu próprio peito. Nada de muito artístico (...). Mas cada vez que ela vê essa tatuagem, ela se sente reconfortada. Como se tivesse sido ressuscitada, e como se tivesse vivendo uma nova, e muito melhor, existência.
(Moacyr Scliar, Folha de S. Paulo, 10/03/2003.)

5- O fato gerador do conflito que constrói a crônica é a secretária
a) ser mais jovem que a enfermeira da notícia.
b) concluir que a vida não vale a pena.
c) achar romântica a história da enfermeira
d) ter se envolvido com o tatuador.
------------------------------------------------------------
CONVERSA FIADA

Era uma vez um homem muito velho que, por não ter muito o que fazer, ficava pescando num lago.
Era uma vez um menino muito novo que também não tinha muito o que fazer e ficava pescando no mesmo lago.
Um dia, os dois se encontraram, lado a lado, na pescaria, e no mesmo momento, exatamente no mesmo instante, sentiram aquela puxadinha que indica que o peixe mordeu a isca. [...] Quando apareceram os respectivos peixes, porém, decepção: o peixe do menino era muito velho e o peixe do velho era muito novo!
O velho disse para o menino:
– Você não pode pescar esse peixe tão velho! Deixe que ele viva o pouco da vida que lhe resta.
O menino respondeu:
– E o que você vai fazer com este peixe tão novo? Ele é tão pequeno... deixe que ele viva mais um pouco!
O velho e o menino olharam um para o outro e, sem perder tempo, jogaram os peixes no lago.
Ficaram amigos e agora, quando não têm muito o que fazer, vão até o lago, cumprimentam os peixes e matam o tempo jogando conversa fora.

FRATE, Diléa. Histórias para Acordar. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1996

6- O fato responsável pelo desenrolar da história é
a) o encontro e a pescaria do menino com o velho no lago.
b) o peixe do velho ser muito velho.
c) o peixe do menino ser novo e pequeno.
d) o retorno dos peixes ao lago.
------------------------------------------------------------
VISITA

Sobre a minha mesa, na redação do jornal, encontrei-o, numa tarde quente de verão. É um inseto que parece um aeroplano de quatro asas translúcidas e gosta de sobrevoar os açudes, os córregos e as poças de água. É um bicho do mato e não da cidade. Mas que fazia ali, sobre a minha mesa, em pleno coração da metrópole?
Parecia morto, mas notei que movia nervosamente as estranhas e minúsculas mandíbulas. Estava morrendo de sede, talvez pudesse salvá-lo. Peguei-o pelas asas e levei-o até o ba-nheiro. Depois de acomodá-lo a um canto da pia, molhei a mão e deixei que a água pingasse sobre a sua cabeça e suas asas. Permaneceu imóvel. É, não tem mais jeito — pensei comigo. Mas eis que ele se estremece todo e move a boca molhada. A água tinha escorrido toda, era preciso arranjar um meio de mantê-la ao seu alcance sem contudo afogá-lo. A outra pia talvez desse mais jeito. Transferi-o para lá, acomodei-o e voltei para a redação.
Mas a memória tomara outro rumo. Lá na minha terra, nosso grupo de meninos chamava esse bicho de macaquinho voador e era diversão nossa caçá-los, amarrá-los com uma linha e deixá-los voar acima de nossa cabeça. Lembrava também do açude, na fazenda, onde eles apareciam em formação de esquadrilha e pousavam na água escura. Mas que diabo fazia na avenida Rio Branco esse macaquinho voador? Teria ele voado do Coroatá até aqui, só para me encontrar? Seria ele uma estranha mensagem da natureza a este desertor?
Voltei ao banheiro e em tempo de evitar que o servente o matasse. “Não faça isso com o coitado!” “Coitado nada, esse bicho deve causar doença.” Tomei-o da mão do homem e o pus de novo na pia. O homem ficou espantado e saiu, sem saber que laços de afeição e história me ligavam àquele estranho ser. Ajeitei-o, dei-lhe água e voltei ao trabalho. Mas o tempo urgia, textos, notícias, telefonemas, fui para casa sem me lembrar mais dele.
GULLAR, Ferreira. O menino e o arco-íris e outras crônicas. Para gostar de ler, 31. São Paulo: Ática, 2001. p. 88-89

8- Com base na leitura do texto, pode-se concluir que a questão central é
a) a presença inesperada de um inseto do mato na cidade.
b) a saudade dos amigos de infância
c) a vida agitada da grande cidade.
d) a preocupação com a proteção aos animais.
------------------------------------------------------------
(SPAECE)     SINCERIDADE DE CRIANÇA

Era uma época de “vacas magras”. Morava só com meu filho, pagando aluguel, ganhava pouco e fui convidada para a festa de aniversário de uma grande amiga. O problema é que não tinha dinheiro messmoooooo.
Fui a uma relojoaria à procura de uma pequena joia, ou bijuteria mesmo, algo assim, e pedi à balconista:
– Queria ver alguma coisa bonita e barata para uma grande amiga!
Ela me mostrou algumas peças realmente caras, que na época eu não podia pagar.
Então eu pedi:
– Posso ver o que você tem, assim... alguma coisa mais baratinha?
E a moça me trouxe um pingente folheado a ouro... bonito e barato. Eu gostei e levei.
Quando chegamos ao aniversário, (eu e meu filho) fomos cumprimentar minha amiga, que, ao abrir o presente, disse:
– Nossa, muito obrigada!!!!! Que coisa linda!!!!!
E meu filho, na sua inocência de criança bem pequena, sem saber bem o que significava a expressão “baratinha” completou:
– E era a mais baratinha que tinha!!!.
Disponível em: <http://recantodasletras.uol.com.br/infantil/610758>. Acesso em: 22 mar. 2010.

9- O enredo desse texto se desenvolve a partir
a) da chegada ao aniversário.
b) da inocência da criança.
c) do convite para o aniversário.
d) do presente comprado.
------------------------------------------------------------
(SARES P2010)
AS ESTRELAS

Numa das noites daquele mês de abril estava Dona Benta na sua cadeira de balanço, lá na varanda, com olhos no céu cheio de estrelas. A criançada também se reunira ali.
Súbito, Narizinho, que estava em outro degrau da escada fazendo tricô, deu um berro.
-Vovó, Emília está botando a língua para mim!
Mas Dona Benta não ouviu. Não tirava os olhos das estrelas. Estranhando aquilo, os meninos foram se aproximando. E ficaram também a olhar para o céu, em procura do que estava prendendo a atenção da boa velha.
- Que é vovó, que a senhora está vendo lá em cima? Eu não estou enxergando nada. - disse Pedrinho. Dona Benta não pôde deixar de rir-se. Pôs nele os óculos e puxou-o para o seu colo e falou:
- Não está vendo nada, meu filho? Então olha para o céu estrelado e não vê nada?
- Só vejo estrelinhas. - murmurou o menino.
- E acha pouco, meu filho?
LOBATO, Monteiro. As estrelas. In: ______ . Viagem ao céu. 19. ed. São Paulo: Brasiliense, 1971. Fragmento.

10- A história contada se passa
a) na varanda da casa de Dona Benta.
b) na imaginação de Emília.
c) na cozinha de Tia Anastácia.
d) no céu inventado de Pedrinho.
------------------------------------------------------------
(SADEAM)             O LOBO DESATENTO

Certa noite, um lobo andava pela floresta em busca de comida. E já estava empenhado nessa tarefa havia um bom tempo, sem qualquer resultado prático, quando sentiu no aro cheiro de carneiros. “Até que enfiml”, foi o pensamento que lhe veio à cabeça de imediato, e então, imaginando o que de bom poderia encontrar mais adiante para aplacar a fome que sentia, ele caminhou rapidamente na direção que o seu faro indicava.
Logo ã frente, as árvores davam lugar a uma grande área coberta de relva, e era nesse pedaço de chão que os carneiros descansavam protegidos por um cão. O lobo não se preocupou com isso. O que fez foi sair andando passo a passo, o mais devagar que podia, procurando se aproximar do ponto que ficava mais distante do vigia, onde algumas das possíveis presas dormiam sossegadas.
E já estava quase lá, quando uma de suas patas traseiras descuidou-se um momento e pisou em um pedaço de tábua já meio apodrecido. Esta rangeu sob o peso do animal, e o barulho que fez soou tão alto em meio ao silêncio da noite que acordou o cão de guarda, fazendo-o sair na mesma hora em perseguição ao lobo desastrado. Que por sua vez, coitado, não teve outra coisa a fazer senão fugir em desabalada carreira, esfomeado e sem alimento.
Moral da história: Quem não presta atenção no que faz, algum dia vai acabar se metendo em apuros.
Disponível em:
 <http://WWW.fernandodannemann.recantodasletras.com.br>.
Acesso em: 5 abr. 2010.

11- Nesse texto, o que deu origem aos fatos narrados foi o
a) cão perseguir o lobo quando ele pisou na tábua.
b) cão vigiar os carneiros que dormiam sossegados.
c) lobo andar desatento à noite pela floresta.
d) lobo sentir cheiro de carneiros na floresta.
------------------------------------------------------------
(Projeto con(seguir)-DC)

O CABOCLO, O PADRE E O ESTUDANTE

Um estudante e um padre viajavam pelo interior, tendo como guia um caboclo. Deram a eles, numa casa, um pequeno queijo de cabra. Não sabendo como dividir, pois que o queijo era pequeno mesmo, o padre resolveu que todos dormissem e o queijo seria daquele que tivesse, durante a noite, o sonho mais bonito (pensando, claro, em engambelar os outros dois com seu oratório). Todos aceitaram e foram dormir. À noite, o caboclo acordou, foi ao queijo e comeu-o.
Pela manhã, os três sentaram à mesa para tomar café e cada qual teve que contra seu sonho. O padre disse que sonhou com a escada de Jacó e a descreveu lindamente. Porém lá, ele subia triunfalmente para o céu. O estudante então contou que sonhara já estar no céu esperando o padre que subia. O caboclo riu e contou:
— Sonhei que via seu padre subindo a escada e seu doutor lá no céu, rodeado de amigos. Eu fiquei na terra e gritei:
— Seu doutor, seu padre, o queijo! Vosmicês esqueceram o queijo! Então vosmicês responderam de longe, do céu:
— Come o queijo, caboclo! Come o queijo, caboclo! Nós estamos no céu, não queremos queijo.
— O sonho foi tão forte que eu pensei que era verdade, levantei enquanto vocês dormiam e comi o queijo…
http://victorian.fortunecity.com/postmodern/135/caboclo.htm

12- O texto que você acabou de ler é uma narrativa. A opção que apresenta o fato responsável por gerar a complicação da história.
a) “(…) o padre resolveu que todos dormissem (…)”
b) “Todos aceitaram e foram dormir.”
c) “(…) O caboclo acordou, foi ao queijo e comeu-o.”
d) “(…) levantei enquanto vocês dormiam e comi o queijo…”
------------------------------------------------------------
(SADEAM)
O REFORMADOR DO MUNDO

Américo Pisca-Pisca tinha o hábito de pôr defeito em todas as coisas. O mundo para ele estava errado e a natureza só fazia asneiras.
– Asneiras, Américo?
– Pois então?!... Aqui mesmo, neste pomar, você tem a prova disso. Ali está uma jabuticabeira enorme sustendo frutas pequeninas, e lá adiante vejo colossal abóbora presa ao caule duma planta rasteira. Não era lógico que fosse justamente o contrário? Se as coisas tivessem de ser reorganizadas por mim, eu trocaria as bolas, passando as jabuticabas para a aboboreira e as abóboras para a jabuticabeira. Não tenho razão?
LOBATO, Monteiro. O reformador do mundo. In: Obra Infantil Completa. São Paulo: Brasiliense, s.d.

13- Quando falou sobre a reforma da natureza, Américo estava
a) num pomar.
b) num rio.
C) numa floresta.
D) numa praça.
------------------------------------------------------------
(AvaliaBH)
50 ANOS DE CORTESIA

Um casal tomava café no dia das suas bodas de ouro. A mulher passou a manteiga na casca do pão e deu para o seu marido, ficando com o miolo.
Ela pensava: “Sempre quis comer o que mais gosto do pão, que é o miolo, mas como amo demais o meu marido e ele gosta dele, durante estes 50 anos, sempre lhe dei o miolo. Mas hoje quero satisfazer o meu desejo”.
Quando o marido recebeu a casca do pão com manteiga, o rosto dele se abriu num enorme sorriso, e lhe disse:
- Muito obrigado por este presente, meu amor. Durante 50 anos, sempre quis comer a casca do pão, mas como você gostava tanto dela, eu jamais ousei pedir!
http://pessoal.educacional.com.br/up/4380001/881679/t1322.asp>. Acesso em: 10 ago. 2011.

14- Qual foi o fato que fez com que essa história acontecesse?
a) a mulher querer comer o miolo do pão.
b) a mulher dar ao marido a casca do pão.
c) o marido agradecer o presente.
d) o marido adorar casca de pão.
------------------------------------------------------------
(SAERS)
O PRÍNCIPE SAPO

Uma feiticeira muito má transformou um belo príncipe num sapo, só o beijo de uma princesa desmancharia o feitiço.
Um dia, uma linda princesa chegou perto da lagoa em que o príncipe morava. Cheio de esperança de ficar livre do feitiço, ele lhe pediu um beijo. Como ela era muito boa, venceu o nojo e, sem saber de nada, atendeu ao pedido do sapo: deu-lhe um beijo.
Imediatamente o sapo voltou a ser príncipe, casou-se com a princesa e foram felizes para sempre.
SEIESZKA, Jon. O patinho realmente feio e outras histórias malucas. São Paulo: Companhia das letrinhas, 1997, [s. p].

15- O que deu origem aos fatos narrados nesse texto?
a) O beijo da princesa.
b) O feitiço da feiticeira.
c) O nojo da princesa.
d) O pedido do sapo.
(SAERJ)
IRMÃO DE ENXURRADA

Fico lembrando dele esperneando no berço. Ele era uma coisica ainda mais estranha do que é hoje. Não, muito mais estranha: hoje ele é gente, fala, acha coisas sobre mim, sobre os outros irmãos, sobre a dona da padaria. Antes ele era... um...um montinho que se mexia também estranhamente. Eu ficava horas olhando para ele.
[...] Teve um tempo em que ele engatinhava. Rodava pela casa toda, gugu pra cá, dadá pra lá, passando debaixo dos móveis, debaixo das pernas da gente – um saco!
[...] E um dia que ele engoliu a cabeça de um bonequinho do “Forte Apache”? Ou foi o rabinho de um cavalo? Não lembro exatamente o que foi que ele engoliu, mas lembro do problemão que foi. [...] Minha mãe veio correndo, porque eu gritei do meu quarto...
CISALPINO, Murilo. In: Ricardo Ramos. Irmão mais velho, irmão mais novo. São Paulo: Atual,1992. p. 64-71.

16- Nesse texto, o narrador é
a) a dona da padaria.
b) a mãe do bebê.
c) o irmão mais velho.
d) o pequeno bebê.

------------------------------------------------------------
(SAERJ)
TORMENTO NÃO TEM IDADE

─ Meu filho, aquele seu amigo, o Jorge, telefonou.
─ O que é que ele queria?
─ Convidou você para dormir na casa dele, amanhã.
─ E o que é que você disse?
─ Disse que não sabia, mas achava que você iria aceitar o convite.
─ Fez mal, mamãe. Você sabe que odeio dormir fora de casa.
─ Mas meu filho, o Jorge gosta tanto de você...
─ Eu sei que ele gosta de mim. Mas eu não sou obrigado a dormir na casa dele por causa disso, sou?
─ Claro que não. Mas...
─ Mas o que, mamãe?
─ Bem, quem decide é você. Mas, que seria bom você dormir lá, seria.
─ Ah, é? E por quê?
─ Bem, em primeiro lugar, o Jorge tem um quarto novo de hóspedes e queria estrear com você. Ele disse que é um quarto muito lindo. Tem até a TV a cabo.
─ Eu não gosto de tevê.
[...]
─ Eu faço a maleta para você, meu filho. Eu arrumo suas coisas direitinho. Você vai ver.
─ Não, mamãe. Não insista, por favor. Você está me atormentando com isso. Bem, deixe eu lhe lembrar uma coisa, para terminar com essa discussão: amanhã eu não vou a lugar nenhum. Sabe por que, mamãe? Amanhã é meu aniversário. Você esqueceu?
─ Esqueci mesmo. Desculpe, filho.
─ Pois é. Amanhã estou fazendo 50 anos. E acho que quem faz 50 anos tem o direito de passar a noite com sua mãe, não é verdade?
SCLIAR, Moacyr. Folha de São Paulo, 3 set. 2001, p. C2.

17- O trecho dessa narrativa que explica o que resolveu o problema é
a) “─ Ah, é? E por quê?”.
b) “─ Eu não gosto de tevê.”.
c) “─ Amanhã é meu aniversário.”.
d) “─ Esqueci mesmo. Desculpe, filho.”.
------------------------------------------------------------
(PROEB)
OS VIAJANTES E A BOLSA DE MOEDAS

Dois homens viajavam juntos ao longo de uma estrada, quando um deles encontrou uma bolsa cheia de alguma coisa. E ele disse: “Veja que sorte a minha, encontrei uma bolsa, e a julgar pelo peso, deve estar cheia de moedas de ouro.”
E lhe diz o companheiro: “Não diga encontrei uma bolsa; mas, nós encontramos uma bolsa, e quanta sorte temos. Amigos de viagem devem compartilhar as tristezas e alegrias da estrada.”
O “sortudo”, claro, se nega a dividir o achado. Então escutam gritos de: “Pega ladrão!”, vindo de um grupo de homens armados com porretes, que se dirigem, estrada abaixo, na direção deles. O viajante “sortudo”, logo entra em pânico, e diz. “Estamos perdidos se encontrarem essa bolsa conosco.”
Replica o outro: “Você não disse ‘nós’ antes. Assim, agora fique com o que é seu e diga, ‘Eu estou perdido’.”
Moral da História:
Não devemos exigir que alguém compartilhe conosco as desventuras, quando não lhes compartilhamos também as nossas alegrias.
Esopo. Disponível em: <http://sitededicas.uol.com.br> Acesso em: 02 fev. 2010.

18- O fato que deu origem a essa história foi
a) o amigo ter abandonado o outro companheiro.
b) o viajante ser perseguido por homens armados.
c) os amigos ficarem perdidos em uma estrada.
d) os viajantes encontrarem uma bolsa com moedas.
------------------------------------------------------------
(PAEBES)
O GAMBÁ

No silêncio circular da praça, a esquina iluminada. O patrão aguardava a hora de apagar as luzes do café. O garçom começou a descer as portas de aço e olhou o relógio: meia-noite e quarenta e cinco. O moço da farmácia chegou para o último cafezinho. Até ser enxotados, uns poucos fregueses de sempre insistiam em prolongar a noite. Mas o bate-papo estava encerrado.
Foi quando o chofer de táxi sustou o gesto de acender o cigarro e deu o alarme: um gambá! Correram todos para ver e, mais que ver, para crer. Era a festa, a insólita festa que a noite já não prometia. Ali, na praça, quase diante do edifício de dez andares, um gambá.
Vivinho da silva, com sua anacrônica e desarmada arquitetura.
No meio da rua – como é que veio parar ali? Um frêmito de batalha animou os presentes.
Todos, pressurosos, foram espiar o recém-chegado. Só o Corcundinha permaneceu imóvel diante da mesa de mármore. O corpo enterrado na cadeira, as grossas botinas mal dispensavam as muletas. O intruso não lhe dizia respeito. Podia sorver devagarinho o seu conhaque.
Encolhido de medo e susto, o gambá não queria desafiar ninguém. Mas seus súbitos inimigos a distância mantinham uma divertida atitude de caça. Ninguém sabia por onde começar a bem-vinda peleja. Era preciso não desperdiçar a dádiva que tinha vindo alvoroçar
a noite de cada um dos circunstantes.
REZENDE, Oto Lara. O gambá. In: O elo perdido & outras histórias. 5 ed. São Paulo: Ática, 1998. p.12. Fragmento. *Adaptado: Reforma Ortográfica.

19- Nesse texto, qual é o fato que motiva a narrativa?
a) O fechamento do café.
b) A aparição do gambá.
c) A perseguição ao recém-chegado.
d) O descaso do Corcundinha.
------------------------------------------------------------
(PAEBES)
INFÂNCIA

Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.

No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu a ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.

Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
– Psiu... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro... que fundo!

Lá longe, meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.
E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.

ANdRAdE, Carlos drummond de. disponível em: <http://www.memoriaviva.com.br/drummond/poema002.htm> Acesso em: 19 jul. 2008.

20- Nesse poema, a terceira estrofe evidencia o
a) espaço da narrativa.
b) narrador em 1ª pessoa.
c) narrador em 3ª pessoa.
d) tempo da narrativa.

SIMULADO 2

(Prova Brasil) O QUE DIZEM AS CAMISETAS (Fragmento) Apareceram tantas camisetas com inscrições, que a gente estranha ao deparar co...